quinta-feira, 5 de junho de 2008

Quero ser Highlander*!

Poucas coisas me apavoram tanto quanto a morte. Falo mesmo, sem vergonha nenhuma, que ela me dá medo, me assusta, me incomoda. Aliás, não gosto nem de pensar que vou morrer um dia, ou que as pessoas que eu amo também vão. Os ‘seres evoluídos’ que me perdoem, mas aquele papo de que ‘você não vai morrer, vai renascer para outra vida’ o cacete! Quero é viver muito essa vida que me foi dada...essa aqui, onde eu posso acordar todos os dias e olhar pro rostinho lindo da minha filha, acompanhar o crescimento dela, escutar muita música, viajar muito, sair pra bater papo com as amigas, sorrir, amar, ser amada...e como eu poderia fazer isso tudo, sentir todas essas sensações, estando a sete palmos do chão?? Nem pensar!

Todo mundo diz que a morte é um ‘fenômeno natural’, mas eu me pergunto se é normal, que a mãe tenha que enterrar um filho. Essa é a ordem natural das coisas? Se for, é muito injusta!

Mas eu acho que todo mundo deveria ter um pouquinho de medo da morte, pra dar mais valor à vida, sem ter que precisar estar de frente a frente com ela em algum determinado momento. Recentemente, passei por uma experiência péssima e tive que lidar com o fato de que a morte está sempre nos rondando, mais perto e com mais freqüência do que eu imaginava. E me senti apavorada, triste, impotente. Descobri que, além do medo, eu não tenho nenhuma capacidade de assimilar a morte como uma coisa natural, mas como algo que fere, que interrompe. É claro que ninguém vive pra sempre, mas às vezes eu me pego pensando que eu quero ir antes de todo mundo que eu amo, pra não ter que passar pela dor da perda.

E é uma pena que, pra gente aprender a dar valor à nossa casa aqui na terra, que é o nosso corpo, tenha que, muitas vezes, parar pra refletir sobre isso. Sobre a morte. Eu, particularmente, não acho nada esperto subestimar o poder dela, que parece estar só esperando uma oportunidade pra ‘atacar’. Além do mais, é muito difícil se acostumar à falta. Eu nunca perdi ninguém próximo, então não sei como deve ser, mas imagino...

É por isso que eu acho que embora a gente não possa evitar o inevitável, é possível pelo menos adiar. Porque o pior tipo de morte é aquela que é avisada por nós, a que vê a gente dando sopa por aí e sai puxando pelo pé. Com essa eu não quero ir nunca!

Então, pessoal, se cuidem. Cuidado com os excessos, com as sobras, com a falta de senso, porque a morte pede carona mesmo e muitas vezes, a opção de deixar ela entrar no banco de trás do seu carro é sua. E a responsabilidade e conseqüência dos seus atos acabam sendo suas também.


*Highlander – guerreiro escocês imortal, personagem famoso do cinema na década de 80, interpretado pelo ator Christopher Lambert.