terça-feira, 25 de novembro de 2008

Fim da espera. Começo de uma era?

Depois de uma longa espera de 15 anos, nasceu!! Uma das gestações mais longas do rock terminou no último dia 23 e finalmente, fãs ansiosos e quase que incrédulos, já podem ouvir o ‘Chinese Democracy’, do Guns N’Roses. E gente, não adianta ficar naquela de “tá, grandes bostas! Viadagem da porra pra lançar um disco!”. O lançamento do CD é sim, um marco na história do rock mundial, não só pela polêmica causada pela demora e por gastos astronômicos, mas porque é Guns, né!

Bom, eu sou muito fã do grupo e mesmo que ele tenha perdido a metade de sua alma – Slash –, a outra metade está lá, viva! Independente das esquisitices de Axl, do seu perfeccionismo que beira a esquizofrenia, da desistência de inúmeros produtores ao longo desses 15 anos e 14 estúdios depois, ele mostra que ainda sabe fazer música. É claro, o disco tem algumas ‘faixas-deslize’, mas elas são recompensadas ao longo das 14 músicas que compõem o ‘Chinese’.

Andei lendo o que uma galera escreveu sobre o disco e as opiniões estão, definitivamente, divididas. Eu só ouvi ontem, embora algumas faixas já estivessem rolando na net há algum tempo. Ainda não sei ligar alguns nomes às músicas, porque baixei uma versão meio demo, com algumas instrumentais, mas ouvi todas. Geralmente, antes de escrever sobre algum disco, eu ouço várias vezes. Mas vou abrir uma exceção dessa vez e de antemão, digo logo: o disco é bom! Aliás, é MUITO bom!

Em primeiro lugar, a voz do Axl continua exatamente a mesma e isso, com certeza, já acalma os corações aflitos de fãs nostálgicos, sem ouvir nada da banda desde 1993. Em segundo lugar, as guitarras carregam nos timbres e riffs – algumas faixas contaram com até cinco guitarristas – e juro, em alguns momentos, parece que Slash está lá. Agora, uma coisa é certa: o CD não é caracterizado como um disco de hard rock, estilo que consagrou a banda. É uma ‘mistureba’ de montagens e muitas, mas muitas programações eletrônicas. O que é isso? Um ‘rockatronic’? Só sei que eu gostei.

Os ótimos momentos do disco, pra mim, foram a belíssima e orquestrada ‘There Was a Time’ (Axl sabe fazer músicas sobre corações partidos como ninguém!), ‘IRS’ (Guns de 1989 TOTAL! MUITO BOA!) , ‘Madagascar’ (letra e melodias lindas. Parece que Axl está ‘cantando’ a sua tão esperada volta...) e The Blues (uma introdução no piano que lembra ‘November Rain’).

As outras faixas eu considero momentos bons, mas confesso que ainda tenho que escutar mais, pra me situar melhor. O momento ruim pra mim foi ‘Catcher in the Rye’. Um adendo sobre essa música: quando Mark Chapman foi preso depois de matar Lennon, ele carregava debaixo do braço um exemplar de “O Apanhador no Campo de Centeio” (‘The Cather in the Rye’, de J.D. Salinger). Alguma a coisa a ver? Possivelmente, porque ela é melancólica e chata.

A faixa-título, ‘Chinese Democracy’ foi a mais detonada pela crítica, mas não é tão ruim assim. Ok, ok, ela tenta, descaradamente, ser ‘Welcome to the Jungle’, mas pô, toda banda tem um surto desses, de tentar fazer uma coisa tão legal quanto uma anterior e acabar caindo numa repetição, que geralmente é inferior. Aliás, o disco foi bem criticado por ser uma ‘colagem’ de coisas velhas. Fala sério! Toda banda tem uma característica e se ela tenta segui-la, neguinho diz que faltou criatividade. E aí se tentam fazer algo diferente, a galera cai em cima, dizendo que se perderam. Vai entender...

Se o ‘Chinese’ vai atingir as expectativas da indústria fonográfica, eu não sei. Mas acredito que os fãs do Guns e de boa música não ficarão desapontados. Resta agora torcer pra Axl aproveite mais a sua genialidade pro lado da produtividade e não descambe pra loucura, porque não sei se os fãs vão ter paciência pra esperar mais 15 anos por outro disco.

E por favor, pé na estrada, né meu filho!!

As faixas:

"Chinese Democracy"
"Shackler's Revenge"
"Better"
"Street Of Dreams"
"If the World"
"There Was A Time"
"Catcher In The Rye"
"Scraped"
"Riad N' The Bedouins"
"Sorry"
"I.R.S."
"Madagascar"
"This I Love"
"Prostitute"

PS: Li uma crítica na Rolling Stone americana que resume bem a minha opinião: “Vamos direto ao ponto: o primeiro álbum de inéditas do Guns desde o primeiro mandato de Bush é ótimo, audacioso, atordoado e intransigente. Em outras palavras, soa muito como o Guns que você conhece”.

É isso!

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Go, Obama!


Ontem, depois do resultado das eleições nos EUA, eu estava conversando com meus pais sobre as possíveis mudanças que estão pra acontecer no mundo. Mudanças boas, espero. E um dos questionamentos levantados durante a conversa foi o seguinte: “Será que ele vai terminar como Luther King?”.

Eu vou repetir o que disse na ocasião: não estamos mais em 1968 e as mudanças vão acontecer, porque o mundo mudou. E mudou mesmo. Estamos em 2008 e pela primeira vez na história, um homem negro está comandando a maior potência mundial. É inédito e fantástico, principalmente se a habitual arrogância americana for levada em consideração. Aparentemente, as coisas mudam sim!

Desde ontem, vi imagens de cidadãos do mundo todo exaltando a capacidade de Barack Obama e apostando no seu governo e numa postura de líder mundial de respeito. É, eu sei...já não se fazem mais heróis como em 1968, mas quem sabe...quem sabe...


De qualquer maneira, é tranqüilizante saber que todo esse poder não está mais nas mãos de um sanguinário. Isso já é um fato de relevância incrível. Eu torci pela vitória de Obama e continuo torcendo. Acredito que esse tipo de comoção, de sentimento comum no mundo todo é a força motriz para qualquer mudança. Afinal de contas, esperança vai ser sempre esperança em qualquer lugar. E apesar da história de Luther King querer provar o contrário, ela é sim, a última que morre.