
Quando eu tinha 14 anos, me apaixonei por quatro caras de uma vez só. Daqueles amores arrebatadores, que duram pra sempre, sabe...mas mesmo sempre tendo uma queda especial e declarada pelo George, foi John Lennon que me fez pensar pela primeira vez em ideais, em lutar por aquilo que se acredita e fazer a diferença. Foi ele que me fez entender, pela primeira vez, a concepção da ‘tal’ ideologia. Os tempos são outros, é verdade, mas o espírito continua.
Na pré-adolescência, é normal que a gente tenha ídolos, daqueles que nos deixam alucinados, que te faz querer saber tudo sobre ele, colecionar fotos e gravar tudo que passa na TV, só pra ter guardado. A minha paixão pelos Beatles foi assim. Mas o tempo foi passando e minha admiração por Lennon se tornou bem real.
John foi um homem que descobriu sua veia artística logo cedo e desenvolveu suas habilidades gradativamente, se tornando, aos poucos, um grande poeta não só da sua geração, mas de todas as outras e por diversas vezes, sua genialidade quase o levou à loucura.
Mas no fundo, mais do que qualquer protesto, do que um casamento com uma japonesa feia, mais velha e arredia, uma lua-de-mel televisionada e um protesto dentro de um saco, John só queria amor. O ego que surgiu na época em que ele fazia parte da maior banda do mundo e que a destruiu mais na frente (não, os Beatles não acabaram por causa de Yoko), acabou dando lugar a uma enorme carência afetiva, que nem o amor da sua vida foi capaz de suprir. Ele foi ‘abandonado’ pela mãe duas vezes, pelo pai e passou grande parte da vida sendo privado de uma família normal, de verdade. No final das contas, ele só queria ser amado sempre e da forma mais intensa que alguém conseguisse.
E quando ele finalmente começou a encontrar a paz interior, depois de 40 anos, foi atacado pelas costas. Quando John morreu, em 1980, ele estava tentando se reaproximar da família, das suas irmãs e do seu filho mais velho, Julian. Seu casamento parecia ter entrado nos trilhos novamente e ele estava gravando de novo, depois de cinco anos sem fazer absolutamente nada. O 'Double Fantasy' era uma promessa de sucesso e de fato, três semanas depois da sua morte, quando foi lançado, ele chegou ao topo das paradas. Ele não viveu pra ver. E tenho a impressão que esse seria o disco que impulsionaria uma nova fase da sua carreira e da sua vida. Mas isso a gente também nunca vai saber.
E como ele estaria hoje, aos 68 anos? Provavelmente fazendo música e comemorando cada aniversário bem ao seu estilo...enfim, vivendo... “Life is what happens to you when you’re busy making other plans...”. E não é mesmo? :P
Dica: esqueçam esses livros biográficos que já escreveram sobre o John. Pra se ter uma noção mais próxima de quem ele realmente foi, leiam “Crescendo com meu irmão John Lennon”, de Julia Baird, a irmã do meio dele. Simplesmente fantástico!
Um comentário:
Não é a toa que a música de trabalho do "Double Fantasy" é "Starting Over"... ele realmente estava recomeçando depois de Sean (filho mais novo), até com os Beatles ele já flertava, não é mesmo?
Infelizmente aquele filho da puta apareceu e "o sonho acabou"...
Mas é isso aí, ficam as músicas e as ideologias desse gênio imortal em nossos corações. (Ai que profundo! Au!)
Beijocas
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