quinta-feira, 25 de junho de 2009

ADEUS, JACKO!


Digam o que quiserem, mas hoje, dia 25 de junho de 2009, o mundo da música sofreu uma grande perda. Aos 50 anos, o cantor e ‘showman’ Michael Jackson, morreu após uma parada cardiorespiratória em sua casa, em Bel Air, Los Angeles.

Estava jantando quando vi o plantão e confesso que me deu um nó na garganta. Eu nunca fui fã de carteirinha, mas como qualquer pessoa que cresceu nos anos 80, conhecia muito o seu trabalho e claro, dancei muito ao som de “Thriller”, o disco mais vendido da história – meu pai tinha o vinil :)

Jackson começou a cantar e dançar aos cinco anos de idade, mas foi somente aos onze, como vocalista dos
Jackson 5 – banda composta pelos seus irmãos – que ele mostrou ao mundo o seu potencial. Depois de muito sucesso liderando o grupo, na década de 70 deixou a banda e partiu para uma carreira solo aclamada: cinco de seus álbuns de estúdio se tornaram os mais vendidos mundialmente de todos os tempos: Off the Wall (1979), Thriller (1982), Bad (1987), Dangerous (1991) e HIStory: Past, Present and Future – Book I (1995).

No entanto, Jacko, como era carinhosamente chamado pelos fãs, passou a vida enfrentando problemas pessoais, até que eles engoliram sua carreira e criatividade musical, dando lugar a um homem esquisito, que agia de forma cada vez mais doentia. Passando pela infância pobre e sofrida, agressões por parte do pai, uma transformação física absurda que fez com que ele ficasse ‘branco’ e irreconhecível, escândalos envolvendo acusações de pedofilia – mesmo sendo inocentado – , as bizarrices – o casamento com a filha de Elvis (hã?) –, entre gastos astronômicos com futilidades, a perda de grande parte da sua fortuna, a criação esquisita dos três filhos ‘mascarados’ e claro, a grande lacuna musical que deu espaço a todo esse caos em que viveu o cantor, nos últimos meses, os rumores de um câncer agressivo de pele deram início a novas especulações, que ficaram ainda mais fortes quando foi anunciada a transferência de alguns shows que ele faria em Londres. Seria o retorno do ‘Rei do Pop’ depois de dez anos longe dos palcos. Seria a retomada de uma carreira brilhante e eu queria muito ter visto.

Na verdade, o motivo do meu post, além de lamentar, é também pra falar um pouco sobre o grande legado deixado por ele. Michael Jackson praticamente inventou um novo jeito de fazer música, ou melhor, de aliá-la ao showbusiness e mesmo assim, conservar a sua identidade e acima de tudo, qualidade. Como todo mundo sabe, meu negócio é rock, mas em termos de pop - e se for pra gostar de pop - eu fico mesmo com ele e com sua ‘Billie Jean’, ‘Bad’, ‘Thriller’, ‘Beat it’ e “Black or White’. O cara criou o ‘moonwalk’, o passo mais louco e legal da música, aquela dancinha que no fundo, todo mundo já quis imitar, porque é simplesmente ‘cool’. Ele revolucionou a maneira de fazer clipes, transformando vídeos em verdadeiras produções cinematográficas, fez pop sem perder o ‘soul’, o gingado tão presente na música negra e formou parcerias memoráveis com grandes artistas, inclusive com o Paul McCartney. Enfim, o cara inovou sim! E era talentoso pra cacete!

E em meio a toda essa surpresa, a esse turbilhão de informações sobre a sua morte, não consigo deixar de imaginar o que realmente aconteceu com ele. Eu não digo hoje, mas ao longo dos anos...o que aconteceu com a sua vida? Com seu estado de espírito? Com sua sanidade... se ele estava realmente doente e foi isso que causou sua morte, que doença era essa? De onde ela veio? Da sua mente? Da sua alma? O homem pode mesmo reverter todo o sofrimento vivido em doença física a ponto de morrer por isso? Se sim, fico triste em pensar que talvez, um dos caras mais importantes da música, um ícone, um ídolo, amado por milhões de pessoas, tenha morrido sozinho em casa, sem ar e sem coração...

Só espero que o seu legado seja perpetuado – e sei que vai – pra que no futuro eu possa mostrar à minha filha o que esse cara fez. Porque é, sem dúvida, um trabalho que vale a pena ser mostrado. E quem sabe, agora ele vai poder descansar em paz de tudo que passou em vida...

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Kings of Leon: do Sul para o Indie Rock, com louvor!

Desde o início da década, me apaixonei pelo ‘indie rock’ e venho acompanhando algumas bandas que se lançaram na época. São as minhas ‘apostas pessoais’, uma galera que surgiu depois de uma ‘parada’ no cenário musical e que faz um som de ótima qualidade. E aí eu comecei a escutar algumas coisas que pesquisava na internet ou ouvia na MTV, quando eu ainda era uma telespectadora assídua do canal. Então, ‘adotei’ algumas – Franz Ferdinand, Strokes, White Stripes, Raconteurs, Arctic Monkeys, Bloc Party e por aí vai... – e fico sempre esperando ansiosamente pelo lançamento de qualquer material novo dessa pessoal.

Uma dessas bandas que me chamou atenção logo de cara foi o ‘Kings of Leon’. Primeiro pela voz de Caleb Followill, que tem um timbre bem particular, agudo e rouco ao mesmo tempo – não sei bem explicar, mas que é do tipo que eu gosto de escutar – e depois porque eles tocam o rock que eu gosto de ouvir: simples e forte...como whisky puro, que desce rasgando.

E isso é bem evidente no primeiro disco da banda, o "Youth and Young Manhood”, com as já clássicas ‘Holly Roler Novocaine’, ‘California Waiting’, ‘Red Morning Light’ e o hit ‘Molly’s Chambers’, que tocou muito na época...provavelmente vocês já ouviram. O disco foi um sucesso e como de costume, as bandas que estouram logo de primeira, sucumbem ao desespero de ter a todo custo, que superar o trabalho anterior. Na minha opinião, o “Aha Shake Heartbreak” foi o resultado da sobra, do que não entrou no primeiro e aí não deu outra: ficou repetitivo. No entanto, boas músicas como ‘King of the Rodeo’ e ‘Pistol of Fire’ salvaram a pátria. O terceiro e insuportável “Because of the Times” fez com que eu desse um tempo na banda, porque é um disco realmente chato, lento e distante de tudo que eles tinham feito até então.

Porém, com o lançamento de “Only by the Night”, parece que os caras se acharam de novo. O álbum concorreu na categoria "Melhor Álbum de Rock" no Grammy e com o single “Sex on Fire’, recebeu duas nomeações: "Melhor Performance de Rock por Duo ou Grupo com Vocais" e "Melhor Canção de Rock", além de ter recebido o prêmio de "Álbum do Ano" de 2008 pela Q Magazine e eleito pela revista Rolling Stone como o 20º melhor álbum do mesmo ano.

Aplausos para as excelentes ‘Sex on Fire’, com ótimos arranjos e riffs, ‘Use Somebody’, que com certeza vai virar um hit nesses canais de música, ‘Crawl’ - com guitarras pesadas e muitos efeitos, além da religiosidade da banda em versos como ‘The reds and the whites and abused, the crucified USA, I said the prophecy unfolds, all hell is surely on its way’ – e ‘Closer’, também cheia dos efeitos.

Por falar neles, os efeitos nas músicas parecem ter permitido uma inovação na banda, geralmente com um som bem cru. Funcionou. Eles conseguem manter o rock na veia mesmo experimentando novos sons, coisa que na maioria das bandas alternativas acaba se transformando no ‘feitiço que virou contra o feiticeiro’.

O fato da ‘Kings of Leon’ ser uma banda muito boa tecnicamente ajuda, é claro. A qualidade do som do ‘Only...’ é impecável, os arranjos são muito bem feitos e eles evoluíram nitidamente no quesito composição. Ao vivo eles provam a minha ‘teoria’ e incendeiam platéias, tudo bem ao estilo ‘rock do sertão’ – isso porque a banda é de Nashville, no Tennessee.

Formado pelos irmãos Caleb (guitarra e vocal), Jared Followill (baixo), Nathan Followill (bateria) e pelo primo Matthew Followill (guitarra), durante toda a infância e começo da adolescência eles tiveram uma educação muito rígida, estudaram em casa e eram proibidos de assistir televisão ou ouvir música secular. Enquanto o pai ainda fazia parte da associação religiosa, os caras faziam parte da banda da igreja.

Depois de muito sucesso e primeiros lugares na Europa e Oceania, só com o disco mais recente eles foram, finalmente, reconhecidos pelos próprios conterrâneos, que sempre tiveram preconceito com tudo que vem do Sul do país. Mas como eu sempre digo e repito que os americanos não sabem nada de música (salvo raras exceções), recomendo pra quem não conhece o trabalho da banda. Uma dica: comece pelo “Young...”, primeiro disco e depois pule pra o “Only...”. Daí já vai dar pra sacar qual é a dos caras e o mais importante: a evolução fantástica, que pode ser a transformação de uma ‘Kings of Leon’ com seu rock sulista em uma consagrada banda de indie rock – e das melhores.