terça-feira, 20 de outubro de 2009

Eles cresceram! O tão aguardado ‘Humbug’, do Arctic Monkeys, agrada fãs e – principalmente – crítica.

'Humbug' - apesar do nome, que significa ‘farsa’ - é muito verdadeiro


É...parece que os garotinhos de Sheffield cresceram. Analisando ‘friamente’, a banda atingiu um nível muito superior aos seus antecessores – ‘Whatever People Say I am, That’s What I’m Not’ e ‘Favourite Worst Nightmare’ – mas por outro lado, senti falta do som de garagem da banda, do rock ‘visceral’ que eles vinham fazendo até então e da voz moleque, meio sem jeito do Alex Turner, que aparece com voz de homem feito nessa nova viagem do Arctic, que é o ‘Humbug’.

Considerados por muitos a ‘salvação’ do rock assim que surgiu em 2006, Alex Turner, Jamie Cook, Nick O’Malley e Matt Helders tomaram conta da cena musical na época e colecionaram prêmios importantes – de dar inveja a qualquer veterano – dentre eles, o de melhor banda do mundo da atualidade, realizado pela revista Q Magazine. Mas exageros à parte, os meninos são mesmo muito talentosos, sabem o que fazem (pude conferir ao vivo em 2007, no TIM Festival – http://kakasbarbosa.blogspot.com/2008/02/what-fuck-are-arctic-monkeys.html) e talvez o álbum que consolide de vez esse talento.

Produzido por Josh Homme, líder do Queens of the Stone Age, o álbum ganhou peso, densidade e parece ter sido mesmo feito por gente grande. O som do grupo está mais maduro, mas também menos dançante e eletrizante do que antes, o que tornava o Arctic delicioso de se ouvir. Paradoxalmente, acho que o ar sério e até meio sombrio do disco, o deixa menos enjoado e repetitivo.

Alex Turner, que foi eleito pela publicação musical inglesa NME como 'o homem mais cool do planeta'

Como já disse, a voz do Alex está mais audível, menos ‘esganiçada’ e com menos efeitos do que nos outros CDs. O baterista Matt Helders, como sempre, destrói tudo e pra mim, é o melhor músico da banda. Desde o 1º disco, ele sempre chamou atenção pela pegada forte e o ritmo contagiante. Em ‘Humbug’, Helders aumenta ainda mais o volume, dando mais força e peso às músicas, que continuam concisas, rápidas e eficazes. Adoro isso.

Os pontos altos, na minha opinião, são: “Pretty Visitors” (a guitarra pesada e arrastada divide os ritmos desse rock ‘quebrado’ e legítimo), “Fire and the Thud” (uma mistura de ‘The Coral’ e ‘Weezer’ que deu certo. Acho que é o melhor vocal de Alex no disco, com tons que variam de sexy ao clássico), “Secret Door” (uma das músicas mais bonitas e bem produzidas do CD) e “My Propeller” (com uma pegada lenta, mas forte, a faixa de abertura já mostra a que veio. Daria fácil uma trilha de 007).

Acredito que a carreira do grupo pode ser comparada ao amadurecimento de um jovem, passando pela puberdade, uma fase de transformação e aprendizado – bastante produtiva e criativa – e que agora chega à fase adulta: completa, madura e sonoramente evoluída. Que eles conservem essa maturidade nos próximos anos e quem sabe, cheguem à ‘velhice’ com o mesmo corpinho de 20 que os consagrou como umas das melhores bandas de sua geração.















Um comentário:

Kadydja Albuquerque disse...

Ô mulher que "confere" shows internacionais! ;-) Vou baixar o álbum e conferir tb. Gosto das suas resenhas... Beijo!!