Até que enfim! Hoje é dia 1º de julho e eu me sinto como se tivesse conseguido me soltar das garras poderosas que me prenderam ao interminável mês de junho!
Em primeiro lugar, gostaria de dizer que eu adoro o período junino. Gosto mesmo. Fui criada em meio a essas tradições todas: amendoim, canjica, milho, fogueira e fogos, muitos fogos! Desde pequena, meu pai me ensinou a soltar bombas e traques e já moleca, participava das guerras de “mijões” com os meninos da rua. Morava num beco sem saída (isso mesmo, depois da minha casa tinha um muro que encerrava a rua e dava num matagal) e todo ano a gente fechava o trecho, que se transformava num verdadeiro arraial, cheio de gente, com muita comida, forró (o autêntico, claro), fogos e quadrilha.
Ah, a quadrilha...ela era o meu sonho de consumo! Os maiores da turma se organizavam desde o começo do ano para ensaiar semanalmente até junho. Eu, como era da turma dos menores, não podia participar :( Tinha uma quadrilha mirim, mas eu queria mesmo era estar entre os grandes. Mais tarde, quando cresci mais, conquistei a tão sonhada vaga, mas aí não durou muito porque todo mundo cresceu demais e perdeu a graça. Mas ainda tive meus dois anos dourados dançando o xote :P As noites de São João daquela época com certeza fizeram minha infância mais feliz...
Mas os tempos mudaram. Eu cresci e parece que o São João também aqui em Sergipe. O pequeno estado vem brigando por uma vaga no pódio do “Melhor São João do País” ao lado dos já tradicionais de Campina Grande e Caruaru. E parece que vem conseguindo. Para isso, infelizmente, o mês de junho se transforma num período infinito pra mim. As tradições deram lugar a um verdadeiro festival de multidões ensandecidas que lotam qualquer lugar gigantesco pra assistir os shows de Aviões do Forró e em qualquer lugar que eu vá, sou obrigada a ouvir ‘Chupa que é de uva’ pelo menos 15 vezes. Fora aquelas festas insuportáveis de interior, que só fazem aumentar as estatísticas de acidentes de trânsitos nas rodovias.
Esse ano eu resolvi me enclausurar, aliás, como venho fazendo há muito tempo. Mas como toda regra tem sua exceção e tenho que admitir que o Forró Caju ainda salva o São João com atrações legais, fui dois dias no mercado ver qual era. O primeiro, pra ver Cordel do Fogo Encantado, que eu adoro e não perco nenhum show há quatro anos. Na véspera de São João, me deu um acesso de loucura e resolvi me enfiar numa multidão de 100 mil pessoas pra ver Zé Ramalho, que eu adoro. Se não fosse uma mesa comprada num bar fechado, com certeza isso não teria acontecido. Mas enfim, adorei os dois dias. Fora isso, a fogueira na porta de casa, com a família toda ao som de Luís Gonzaga, se fez presente no meu São João e é disso que eu gosto. Nada de ‘indústria junina’. Só a tradição mesmo...
Por falar em tradição, esse ano o mês de junho me trouxe MUITO trabalho. Toda essa badalação do São João me colocou, como jornalista, no olho do furacão! Tive que cobrir mil eventos e o pior: dos 30 longos dias de junho, só folguei um final de semana. O resto foi de trabalho e muito cansaço. Sim, mas voltando à tradição, esse trabalho todo também me trouxe uma surpresa muito grata. Ainda existe muita tradição por aí pelo interior e até aqui mesmo, na capital: as quadrilhas.
Como jornalista do Emsergipe.com, portal da TV Sergipe, percorri os interiores do Estado pra cobrir o concurso de quadrilhas ‘Levanta Poeira’, organizado pelo Núcleo de Produções Especiais da TV. O esquema era esse: chegar ao local às 17h, onde nove quadrilhas se apresentavam e chegar em casa por volta das 3h do outro dia. E claro, rotina de trabalho normal na redação. Eu era um zumbi.
Mas vou confessar uma coisa: nunca vi pessoas valorizarem tanto a nossa cultura como os componentes dessas quadrilhas. E diga-se de passagem, lindíssimas apresentações! Me emocionei em vários momentos, vendo a alegria daquele povo em estar ali, dançando com tanta energia, dedicação...e tudo isso com muito suor, pois como é de praxe, o que presta raramente tem seu devido valor aqui em Sergipe. Neguinho prefere pagar R$ 60 num camarote pra ver Calypso (que vem do Pará) do que ir a uma apresentação gratuita de quadrilhas. Então, vai na raça mesmo. E que raça! Esqueça aquelas quadrilhas de antigamente, com grande roda e xaxado. Isso tudo ainda existe, claro, mas com um glamour digno de escola de samba! Muito brilho, vestidos bordados com paetês, trocas de roupas no meio da dança e cenários montados com uma rapidez impressionante pelas equipes técnicas. Sim, existe isso em quadrilha.
Enfim, um verdadeiro desfile de tradição, em meio a um São João onde músicas pornográficas e dançarinas seminuas tomam conta. Trabalhei muito, mas valeu a pena ver o resultado final desse trabalho. Fiquei feliz em saber que ainda posso achar por aqui um pouquinho daqueles festejos da minha infância, com direito a quadrilha e tudo!
Mas nem se anime. Como é normal em Aracaju e no Brasil, findado o São João, é hora de começar a pensar no carnaval...e haja ouvido!!
Pra quem quiser conhecer mais sobre o Levanta Poeira:
http://emsergipe.globo.com/hotsites/levantapoeira/noticias.asp
Em primeiro lugar, gostaria de dizer que eu adoro o período junino. Gosto mesmo. Fui criada em meio a essas tradições todas: amendoim, canjica, milho, fogueira e fogos, muitos fogos! Desde pequena, meu pai me ensinou a soltar bombas e traques e já moleca, participava das guerras de “mijões” com os meninos da rua. Morava num beco sem saída (isso mesmo, depois da minha casa tinha um muro que encerrava a rua e dava num matagal) e todo ano a gente fechava o trecho, que se transformava num verdadeiro arraial, cheio de gente, com muita comida, forró (o autêntico, claro), fogos e quadrilha.
Ah, a quadrilha...ela era o meu sonho de consumo! Os maiores da turma se organizavam desde o começo do ano para ensaiar semanalmente até junho. Eu, como era da turma dos menores, não podia participar :( Tinha uma quadrilha mirim, mas eu queria mesmo era estar entre os grandes. Mais tarde, quando cresci mais, conquistei a tão sonhada vaga, mas aí não durou muito porque todo mundo cresceu demais e perdeu a graça. Mas ainda tive meus dois anos dourados dançando o xote :P As noites de São João daquela época com certeza fizeram minha infância mais feliz...
Mas os tempos mudaram. Eu cresci e parece que o São João também aqui em Sergipe. O pequeno estado vem brigando por uma vaga no pódio do “Melhor São João do País” ao lado dos já tradicionais de Campina Grande e Caruaru. E parece que vem conseguindo. Para isso, infelizmente, o mês de junho se transforma num período infinito pra mim. As tradições deram lugar a um verdadeiro festival de multidões ensandecidas que lotam qualquer lugar gigantesco pra assistir os shows de Aviões do Forró e em qualquer lugar que eu vá, sou obrigada a ouvir ‘Chupa que é de uva’ pelo menos 15 vezes. Fora aquelas festas insuportáveis de interior, que só fazem aumentar as estatísticas de acidentes de trânsitos nas rodovias.
Esse ano eu resolvi me enclausurar, aliás, como venho fazendo há muito tempo. Mas como toda regra tem sua exceção e tenho que admitir que o Forró Caju ainda salva o São João com atrações legais, fui dois dias no mercado ver qual era. O primeiro, pra ver Cordel do Fogo Encantado, que eu adoro e não perco nenhum show há quatro anos. Na véspera de São João, me deu um acesso de loucura e resolvi me enfiar numa multidão de 100 mil pessoas pra ver Zé Ramalho, que eu adoro. Se não fosse uma mesa comprada num bar fechado, com certeza isso não teria acontecido. Mas enfim, adorei os dois dias. Fora isso, a fogueira na porta de casa, com a família toda ao som de Luís Gonzaga, se fez presente no meu São João e é disso que eu gosto. Nada de ‘indústria junina’. Só a tradição mesmo...
Por falar em tradição, esse ano o mês de junho me trouxe MUITO trabalho. Toda essa badalação do São João me colocou, como jornalista, no olho do furacão! Tive que cobrir mil eventos e o pior: dos 30 longos dias de junho, só folguei um final de semana. O resto foi de trabalho e muito cansaço. Sim, mas voltando à tradição, esse trabalho todo também me trouxe uma surpresa muito grata. Ainda existe muita tradição por aí pelo interior e até aqui mesmo, na capital: as quadrilhas.
Como jornalista do Emsergipe.com, portal da TV Sergipe, percorri os interiores do Estado pra cobrir o concurso de quadrilhas ‘Levanta Poeira’, organizado pelo Núcleo de Produções Especiais da TV. O esquema era esse: chegar ao local às 17h, onde nove quadrilhas se apresentavam e chegar em casa por volta das 3h do outro dia. E claro, rotina de trabalho normal na redação. Eu era um zumbi.
Mas vou confessar uma coisa: nunca vi pessoas valorizarem tanto a nossa cultura como os componentes dessas quadrilhas. E diga-se de passagem, lindíssimas apresentações! Me emocionei em vários momentos, vendo a alegria daquele povo em estar ali, dançando com tanta energia, dedicação...e tudo isso com muito suor, pois como é de praxe, o que presta raramente tem seu devido valor aqui em Sergipe. Neguinho prefere pagar R$ 60 num camarote pra ver Calypso (que vem do Pará) do que ir a uma apresentação gratuita de quadrilhas. Então, vai na raça mesmo. E que raça! Esqueça aquelas quadrilhas de antigamente, com grande roda e xaxado. Isso tudo ainda existe, claro, mas com um glamour digno de escola de samba! Muito brilho, vestidos bordados com paetês, trocas de roupas no meio da dança e cenários montados com uma rapidez impressionante pelas equipes técnicas. Sim, existe isso em quadrilha.
Enfim, um verdadeiro desfile de tradição, em meio a um São João onde músicas pornográficas e dançarinas seminuas tomam conta. Trabalhei muito, mas valeu a pena ver o resultado final desse trabalho. Fiquei feliz em saber que ainda posso achar por aqui um pouquinho daqueles festejos da minha infância, com direito a quadrilha e tudo!
Mas nem se anime. Como é normal em Aracaju e no Brasil, findado o São João, é hora de começar a pensar no carnaval...e haja ouvido!!
Pra quem quiser conhecer mais sobre o Levanta Poeira:
http://emsergipe.globo.com/hotsites/levantapoeira/noticias.asp
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