quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Happy Birthday, John!

“Meus heróis morreram de overdose”, já cantava Cazuza. O meu foi covardemente assassinado, com cinco tiros, na porta de casa. Se ele estivesse vivo, estaria fazendo 68 anos hoje.

Quando eu tinha 14 anos, me apaixonei por quatro caras de uma vez só. Daqueles amores arrebatadores, que duram pra sempre, sabe...mas mesmo sempre tendo uma queda especial e declarada pelo George, foi John Lennon que me fez pensar pela primeira vez em ideais, em lutar por aquilo que se acredita e fazer a diferença. Foi ele que me fez entender, pela primeira vez, a concepção da ‘tal’ ideologia. Os tempos são outros, é verdade, mas o espírito continua.

Na pré-adolescência, é normal que a gente tenha ídolos, daqueles que nos deixam alucinados, que te faz querer saber tudo sobre ele, colecionar fotos e gravar tudo que passa na TV, só pra ter guardado. A minha paixão pelos Beatles foi assim. Mas o tempo foi passando e minha admiração por Lennon se tornou bem real.

John foi um homem que descobriu sua veia artística logo cedo e desenvolveu suas habilidades gradativamente, se tornando, aos poucos, um grande poeta não só da sua geração, mas de todas as outras e por diversas vezes, sua genialidade quase o levou à loucura.

Mas no fundo, mais do que qualquer protesto, do que um casamento com uma japonesa feia, mais velha e arredia, uma lua-de-mel televisionada e um protesto dentro de um saco, John só queria amor. O ego que surgiu na época em que ele fazia parte da maior banda do mundo e que a destruiu mais na frente (não, os Beatles não acabaram por causa de Yoko), acabou dando lugar a uma enorme carência afetiva, que nem o amor da sua vida foi capaz de suprir. Ele foi ‘abandonado’ pela mãe duas vezes, pelo pai e passou grande parte da vida sendo privado de uma família normal, de verdade. No final das contas, ele só queria ser amado sempre e da forma mais intensa que alguém conseguisse.

E quando ele finalmente começou a encontrar a paz interior, depois de 40 anos, foi atacado pelas costas. Quando John morreu, em 1980, ele estava tentando se reaproximar da família, das suas irmãs e do seu filho mais velho, Julian. Seu casamento parecia ter entrado nos trilhos novamente e ele estava gravando de novo, depois de cinco anos sem fazer absolutamente nada. O 'Double Fantasy' era uma promessa de sucesso e de fato, três semanas depois da sua morte, quando foi lançado, ele chegou ao topo das paradas. Ele não viveu pra ver. E tenho a impressão que esse seria o disco que impulsionaria uma nova fase da sua carreira e da sua vida. Mas isso a gente também nunca vai saber.

E como ele estaria hoje, aos 68 anos? Provavelmente fazendo música e comemorando cada aniversário bem ao seu estilo...enfim, vivendo... “Life is what happens to you when you’re busy making other plans...”. E não é mesmo? :P

Dica: esqueçam esses livros biográficos que já escreveram sobre o John. Pra se ter uma noção mais próxima de quem ele realmente foi, leiam “Crescendo com meu irmão John Lennon”, de Julia Baird, a irmã do meio dele. Simplesmente fantástico!

Um comentário:

Paula Dantas disse...

Não é a toa que a música de trabalho do "Double Fantasy" é "Starting Over"... ele realmente estava recomeçando depois de Sean (filho mais novo), até com os Beatles ele já flertava, não é mesmo?
Infelizmente aquele filho da puta apareceu e "o sonho acabou"...
Mas é isso aí, ficam as músicas e as ideologias desse gênio imortal em nossos corações. (Ai que profundo! Au!)
Beijocas